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8M - Greve internacional de mulheres: por que paramos

O Escritório SLPG Advogados Associados tem se pautado pelo apoio e incentivo a todas as lutas voltadas à conquista, ampliação ou manutenção de direitos sociais imprescindíveis para a construção de uma sociedade na qual estejam erradicadas as desigualdades decorrentes das diferenças de gênero, cor, raça ou credo das pessoas, de modo que no momento em que as mulheres se mobilizam na defesa dos seus direitos, nosso Escritório não poderia estar descolado desta luta tão importante para todos nós.

À vista disso, tornamos pública a Nota emitida pelas mulheres que compõem o nosso Escritório, e respaldamos a iniciativa de greve delas para que possam se fazer presentes nas manifestações que ocorrerão neste dia 8 de março.

Segue a Nota na íntegra:

8M - GREVE INTERNACIONAL DE MULHERES: POR QUE PARAMOS

Há diversas versões sobre o surgimento do Dia Internacional da Mulher. A versão popularmente mais conhecida narra um incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil em Nova York, onde aproximadamente 130 trabalhadoras foram carbonizadas enquanto lutavam por melhores condições de trabalho.

Contudo, esta não foi a única vez na história que um movimento de mulheres se uniu para exigir que seus direitos fossem respeitados.

Durante a Revolução Francesa, embora as mulheres fossem excluídas da vida pública, sua participação foi intensa, um grupo de 7 mil mulheres marchou 14 quilômetros de Paris até Versalhes, sob chuva, para protestar contra a escassez do pão, o que provocou a ida do Rei Luís XVI e sua família para Paris.

A centenária Revolução Russa também foi marcada pela luta das mulheres. Seu estopim se deu em 1917, quando milhares de mulheres paralisaram suas atividades e tomaram as ruas, protestando por pão, terra e paz.

Apenas em 1945, a Organização das Nações Unidas-ONU assinou o primeiro acordo em que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres.

A greve internacional de mulheres que se desenha para o próximo dia 8 de março, inspirada pela história de luta e resistência do movimento feminista ao longo da história, também encontra inspiração em eventos recentes.

Em 3 de outubro de 2016, milhares de mulheres na Polônia paralisaram suas atividades e tomaram as ruas do país vestidas de preto, protestando contra um projeto de lei que visava proibir totalmente o aborto no país, direito garantido às mulheres desde 1993. Após o protesto, o projeto de lei foi rejeitado.

No mesmo mês, na Argentina, as mulheres paralisaram suas atividades para protestar contra a violência de gênero no movimento #NiUNaMenos (nenhuma a menos, em português), após o estupro e morte de uma adolescente de 16 anos.

Como resultado destes protestos, mulheres de pelo menos 30 países começaram a se mobilizar através das redes sociais, articulando uma greve geral de mulheres para o próximo dia 8 de março, o Movimento 8M.

Em paralelo, de forma independente a esta articulação, ocorre mais uma edição da Women’s March (marcha das mulheres, em português), protestando pela igualdade de gênero em meio à posse do Presidente Americano Donald Trump.

Este movimento de intelectuais e feministas americanas, publicou um manifesto assinado por Angela Davis, Nancy Fraser, entre outras, convocando as mulheres para a paralisação do dia 8 de março, propondo a construção de um feminismo de base, anticapitalista.

Atendendo ao chamado por união, com o lema “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”, no dia 8 de março de 2017, as mulheres brasileiras também vão parar!

Paramos contra todas as formas de violência contra a mulher, seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral, pois vivemos em um país onde uma mulher é estuprada a cada 11 minutos; contra as discriminações no mundo do trabalho, pois as mulheres recebem cerca de 21% menos que homens que desempenham as mesmas funções e ainda são as maiores responsáveis pelos afazeres domésticos; contra a PEC 287 da Reforma da Previdência que visa igualar a idade mínima para aposentadoria entre homens e mulheres, mesmo com a dupla e às vezes até tripla jornadas diárias enfrentadas pelas trabalhadoras, além de diversas outras medidas que vão prejudicar toda a população; contra a discriminação racial, o genocídio do povo negro e indígena; pelo direito à livre expressão da sexualidade e da identidade de gênero; pela visibilização da função social das mães, contra a violência obstétrica e demais violação de seus direitos e de seus filhos; pela vida de todas as mulheres, do campo e da cidade!

Em Florianópolis, mulheres dos mais diversos campos de atuação, trabalhadoras, estudantes, vinculadas a partidos políticos ou independentes, de vários movimento sociais, organizaram-se em um movimento horizontal e independente e programaram um dia inteiro de atividades em tendas no Largo da Alfândega, além disso, será realizado o Apitaço Mundial de Mulheres às 12h30, Ato contra a Reforma da Previdência às 13h em frente ao INSS da Rua Felipe Schmidt, Assembleia de Mulheres para aprovação do Manifesto 8MBrasilSC às 17h e a partir das 18h, em frente ao TICEN, inicia-se a concentração para a Marcha das Mulheres em Florianópolis, com saída prevista para as 19h.

Em 2016, a organização não governamental Save The Children divulgou o relatório “Every Lost Girl” que, em termos de oportunidades, constatou que o Brasil é o pior país da América Latina para se ser menina.

A cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil.

13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil.

Somos sobreviventes e nosso dever é lutar, por isso, no próximo dia 8 de março, nós paramos!

Alguma dúvida sobre seus direitos?

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